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As Vidas dos Outros

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Estou aqui na janela, no 20º andar, olhando lá para baixo, vendo as pessoas pra lá e pra cá, em seus carros, nos ônibus, a pé. Fico imaginando como são suas vidas, o que devem estar pensando, para onde estão indo, quem são elas, se estão felizes ou tristes. Paro os olhos em uma senhora que atravessa a rua com dificuldade e me assusto quando um carro passa bem rente às pernas dela. Grito quando vejo um caminhão cruzar o farol vermelho a toda velocidade. Sorrio sozinha ao ver um malabarista no farol. Essa cidade tem cada coisa.

Penso em outras segundas-feiras menos tranquilas do que esta. Aquela em que eu precisei correr com meu filho menor para a UPA porque o menino não respirava direito. Aquela em que tive que fazer uma apresentação para toda a gerência, e meu coração quase saiu pela minha boca. Nossa, que dia foi aquele. Mas houve segundas-feiras melhores também, aquela em que eu o meu marido fomos ao cinema, às três horas da tarde, nos sentindo transgressores. Aquela outra em que andamos de gôndola em Veneza pela primeira vez. Muito romântico. Peraí. Nunca tive filho, nunca me casei, nunca apresentei nada pra gerência e nunca coloquei os pés na Itália. E hoje nem é segunda-feira. Bora fazer alguma coisa e parar de pensar na vida dos outros.

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